Do azul ao Vazio: em defesa da cor emancipada
Nome: ANA CAROLINA SANTOLIN NICOLI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 14/04/2023
Orientador:
Nome | Papel |
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ANGELA MARIA GRANDO BEZERRA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANGELA MARIA GRANDO BEZERRA | Orientador |
JOSÉ AFONSO MEDEIROS SOUZA | Examinador Externo |
RICARDO MAURICIO GONZAGA | Examinador Interno |
Resumo: Em seu texto Overcoming the Problematics of Art (1959), Yves Klein escreveu que havia superado a problemática da arte. Para Klein, o cerne dessa problemática estava na forma como o espectador e o pintor se relacionavam com a pintura até o fim da década de 1950: pintar era uma função do olho (1959). Klein acreditava que o olhar do espectador ocidental estaria demasiadamente ocioso, preguiçoso, assim como o pintor, que também teria ficado em uma espécie de estagnação sensível. Seguindo a linha de raciocínio de Klein, a consequência dessa relação mútua de ócio é que a própria pintura estaria presa em um ciclo sem fim, sendo essa a problemática da arte e o problema combatido por Klein. É nesse contexto que Klein se interessa pela cor pura e sua capacidade de impregnação espacial, qualidade que teria a capacidade de ultrapassar qualquer vício da visão. Somente através dessa emancipação da cor, a pintura alcançaria outro tipo de relação com o espectador e com o próprio pintor. Interessada em como Klein defendeu que havia superado a problemática da arte e, consequentemente, emancipado a cor, esta dissertação de mestrado partiu de uma abordagem analítico-bibliográfica, considerando um recorte temporal específico na cronologia da carreira do artista: 1954 a 1959, a fim de defender o argumento da emancipação da cor elaborado por Klein. O referencial teórico foi apoiado na fenomenologia da imaginação de Gaston Bachelard, principalmente nos textos do livro O ar e os sonhos (2001) / [1943]. Bachelard descreve essa ociosidade como uma supervalorização do sentido da visão (perspectiva ocularista), contrapondo tal perspectiva à afirmação de que o poeta/artista teria de convidar o espectador a imaginar. Bachelard compreende a imaginação como uma faculdade capaz de gerar um afastamento da pura contemplação, no sentido de que somente na imaginação seríamos capazes de decompor as imagens captadas pela visão e, assim, reciclar o que foi visto a priori. Essa pesquisa também aborda, como objetivo específico, a dificuldade do público e da crítica em compreender como um artista com as características de Yves Klein seria um integrante do movimento dos Novos Realistas.
Palavras-chave: Yves Klein; imaterial; arte conceitual; Gaston Bachelard; imaginação