Defesa de dissertação de mestrado

Mestrando(a):  Ivanirce Gomes Wolf
Título:  "A PRODUÇÃO VIDEOGRÁFICA DOS GUARANI: ENTRE O POLÍTICO E A ARTE"
Data:  22/03/2019
Horário: 14:00
Local:  Sala 05 (Prédio do mestrado do Centro de Artes)

Banca Examinadora: 

Profª Drª Aissa Afonso Guimarães (Orientadora - PPGA/UFES)
Prof. Dr. Erly Milton Vieira Junior (Examinador Interno - PPGA/UFES)
Prof. Dr. Sandro José da Silva (Examinador Externo - PGCS/UFES)

Resumo: Esta dissertação investiga a produção audiovisual de cineastas indígenas Guarani procurando entender em que esses vídeos se diferenciam da produção fílmica dos não índios. A tomada de posição dos índios como cineastas tem início no trabalho pioneiro do Projeto Vídeo nas Aldeias, fundado em 1986, pelo cineasta indígena Vincent Carelli, que colocou a câmera nas mãos de quem antes era unicamente objeto de filmagem. Essa troca de posições suscitou novas abordagens para estudos históricos e antropológicos. Objetivou-se, pois, refletir sobre a relação de índios e não índios, e entender de que forma os estereótipos e a realidade política do mundo exterior afetaram os cineastas indígenas e sua produção artística. Para isso, considerou-se os estudos de especialistas sobre a cultura Guarani da História e da Antropologia indígenas, como: Kalna Mareto Teao (2015), Celeste Ciccarone (2001), Maria Inês Ladeira (2007; 2008), dentre outros. Para a questão da memória coletiva e individual e da oralidade na arte e na cultura, contribuíram o historiador Michael Pollak (1989) e o filósofo Walter Benjamin (1994). Outras fontes são os textos de pesquisadores indígenas, como Ailton Krenak, que se tornou referência para a compreensão da trajetória do movimento indígena nas décadas de 70 e 80 e também para o entendimento da complexa relação entre culturas ameríndias e sociedade brasileira, além de entrevistas com membros da comunidade Guarani do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Procedeu-se análise de vídeos gravados em parceria com o Projeto Vídeo na Aldeias, e em produções independentes, produzidos por cineastas indígenas, dentre os quais Alberto Alvares, Patrícia Ferreira e Daniel Ortega: “Guardiões da Memória” (2018), “Duas aldeias, uma caminhada” (2008), “Bicicletas de Nhanderu” (2011), e o vídeo-instalação “A imagem como arma” (2017), de Patrícia Ferreira, cineasta indígena, e de Sophia Pinheiro, artista plástica branca, além de outras obras. A produção videográfica dos cineastas Guarani revela e é parte constituinte da relação que os cineastas indígenas têm com o “outro”, o branco, e com o mundo fora da aldeia. O cinema indígena se coloca na tela como reflexão sobre si mesmo, sobre vida e arte, como uma “arma” de indagação e resistência política e como meio de preservar a memória dos povos indígenas e de viver segundo sua cosmovisão e crença em Nhanderu, “Deus” em Guarani. O modo de viver Guarani só é concebível no Tekoá, “lugar onde se é”, a terra onde podem viver conforme suas crenças e seus costumes que incluem o respeito e a preservação à Natureza. O trabalho confirma a existência de uma tensão na relação dos índios com os não índios. Hoje, já não se diz mais que há uma relação entre colonizador e colonizado. No entanto, há uma relação desigual, permeada pelo preconceito da sociedade brasileira sobre o índio. Contudo, há também novas formas de luta e de resistência indígena, e a máquina filmadora, antes um equipamento de não índios, torna-se uma nova “arma” do índio e o vídeo, um novo lugar de fala e de resistência indígena.

Palavras-chave: Arte. Política. Cinema Indígena. Povo Guarani.

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